Mastite

Quase toda mulher já vivenciou uma inflamação mamária, aquele vermelho na pele com dor local e às vezes até febre, que é conhecida como Mastite. A apresentação mais comum é durante o início da amamentação onde somam-se vários fatores para seu surgimento. Neste momento, a mama está túrgida, edemaciada, às vezes o leite pode estar mais espesso dificultando sua saída no começo, e o bebe está com fome e a pele ainda não está preparada para o trauma do ato de amamentar, o que acaba por levar a uma fissura que muitas vezes é a porta de entrada de uma infecção bacteriana que dará início a uma Mastite. O tratamento é feito com antibioticoterapia e, sempre que possível, que se mantenha a amamentação também no lado afetado, para que se diminua o edema/turgência mamária e retire o leite que está ali parado.

Existem casos de Mastite fora do período de amamentação e que não conseguimos isolar um fator causador. Nesses casos, o tratamento é muito semelhante com antibioticoterapia e anti-inflamatório, mas nem toda mastite tem causa infecciosa e responderá ao antibiótico. A ultrassonografia pode ajudar na suspeita de abscesso, quando a mastite evolui e forma uma coleção de pus. Aqui, podemos fazer a punção com agulha fina diária para lesões simples de até 3 cm, ou podemos realizar a drenagem cirúrgica para que exista a melhora do quadro. Sempre que possível, fazemos cultura do líquido purulento, mas muitos casos apesar de francamente se tratar de uma infecção, não há o isolamento de uma bactéria.

Paciente adulto, jovem e fumante tendem a fazer mais comumente a mastite periductal recidivante. Essa é uma inflamação do ducto na região próxima a aréola que, quando tratada com antibiótico e antiinflamatório, resolve em cerca de 7 dias. Em casos onde a evolução do quadro existe a formação de abscesso que tende a drenar espontaneamente por um orifício periareolar, onde já se formou a fístula, o melhor resultado é com cirurgia para ressecção do ducto afetado e não apenas drenagem do abscesso, onde o fator desencadeante permanece no local. É orientado que a paciente pare de fumar também para evitar novos episódios.

É incomum um quadro de mastite coexistir com um câncer de mama, mas não impossível e o seguimento da resolução da mastite é importante.

Pacientes com múltiplos orifícios de drenagem e que não respondem bem ao tratamento com antibiótico e anti-inflamatório comum devem ser investigados para Mastite Crônica – que em nosso país pode estar ligada a Fungos como tuberculose ou até mesmo a reação auto-imune Mastite Granulomatosa. Para esse diagnóstico, precisamos de amostra tecidual captada por biópsia de agulha grossa onde uma parte do material obtido vai para cultura e pesquisa de fungos e outra para histopatologia. Nos casos de infecção fúngica será necessário o tratamento com esquema antifúngico por 6 meses com boa resposta na maior parte dos casos.

Nos casos de mastite auto-imune, podem coexistir com aumento de prolactina ligada a uma infecção por Corynebacterium. Geralmente a paciente terá procurado vários mastologistas até receber o diagnóstico que é difícil de ser feito, e necessitará compreender que seu tratamento é longo com possibilidade de recaída e com efeitos colaterais do imunossupressor que será utilizado para poder aderir ao tratamento corretamente.