Linfadenectomia axilar é a cirurgia de retirada de linfonodos na região da axila, em geral 10 a 20 linfonodos, respeitando limites anatômicos estabelecidos para que não se retire linfonodos de locais que fazem parte da região axilar, mas não fazem parte da drenagem do câncer de mama. A linfadenectomia pode ser necessária em cirurgia de mastectomia ou mesmo em setorectomias de mama, e a indicação tem a ver com o acometimento clínico, radiológico e histopatológico da axila.
Dividimos a axila em 3 níveis linfonodais que nos interessam no tratamento do câncer de mama, para isso utilizamos como referência o músculo pequeno peitoral e limite superior a veia axilar. A linfadenectomia que atualmente é uma cirurgia de exceção é feita nos 3 níveis somente na presença de doença grosseira linfonodal, visível e palpável facilmente acometendo todos os 3 níveis. Em caso de não existir doença grosseira, apenas o nível I e II são tratados com a cirurgia.
O Nivel I é o nível lateral ao m pequeno peitoral, o Nível II são os linfonodos encontrado na posição do m pequeno peitoral e nível III seriam um pequeno número de linfonodos encontrados na parte medial ao m pequeno peitoral.
No pós-operatório a paciente fica com um dreno ativo fechado conhecido como suctor, que serve para retirar a linfa produzida pela lesão de ductos linfáticos e assim ajudar na cicatrização aproximando os tecidos, e diminuindo a necessidade de punções para esvaziamento deste líquido axilar. O tempo de uso de dreno é muito variável como é a quantidade de secreção produzida, tão logo se consiga uma diminuição abaixo dos 50 ml e que esta não seja por obstrução do dreno, este pode ser retirado no consultório sem necessidade de anestesia.
Como principal consequência do esvaziamento linfonodal, temos o linfedema crônico e irreversível que pode chegar a cerca de 40% das pacientes, algumas assintomáticas e outras com diminuição da mobilidade de extremidade ou todo membro. A fisioterapia com drenagem linfática manual e uso de luvas é o tratamento desta sequela. Neste membro devemos evitar o esforço de média a alta intensidade ou mesmo o movimento repetitivo pelo risco de progressão do linfedema, bem como não devemos aferir a pressão arterial ou fazermos punção para vacina ou injeção de medicamentos neste membro, dando preferência ao contralateral.
Em regime hospitalar, com cuidados assépticos e na ausência de outro acesso, podemos utilizar este membro para administrar medicamentos. Sempre que possível, damos preferência por motivos óbvios: a técnica de linfonodo sentinela é muito menos agressiva e, portanto, com menor nível de sequela e complicação. Apesar de se tratar de uma cirurgia delicada e extensa, onde são preservados os nervos torácico longo e todo o plexo do m toracodorsal, a alta hospitalar pode ser no mesmo dia do procedimento, ou seja, são cirurgias realizadas em regime de hospital-dia. Analgésico comum e anti-inflamatório por curto período de tempo é o suficiente para controle da dor. As complicações como infecção, hematoma ou perda de dreno precoce são incomuns e tratadas conforme seu aparecimento.
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