Essa é a terceira maior causa de procura por consulta de mastologia da mulher, ficando atrás de mastalgia e nódulo mamário. Quase toda mulher já notou uma secreção pelo mamilo em algum período da vida que seja fora do período de amamentação. A maior parte dessas secreções são fisiológicas, fazem parte do momento hormonal ou estímulo que a mama foi submetida e tendem a resolver de maneira espontânea e são conhecidas como Galactorréia.
São secreções esbranquiçadas, esverdeadas, marrom escuras uni ou bilaterais, multi-orificiais, que normalmente aparecem após a expressão da aréola ou mamilo. Essas secreções são benignas. Pacientes que usam de remédios que atuam a nível de sistema nervoso central como antidepressivos ou ansiolíticos e até mesmo alguns anti-hipertensivos podem gerar galactorreia medicamentosa. Algumas mulheres podem ter produção de leite mesmo não estando sob estímulo de amamentação, nesses casos, devemos excluir gravidez e investigar a prolactina e alterações de tireóide, e para o tratamento, será direcionado para o endocrinologista ou neurologista em função dos achados desta investigação. A secreção quando persistente pode ser tratada com a Dutectomia, cirurgia que resseca o ducto afetado sob anestesia geral em regime de hospital dia.
Secreções espontâneas são as que merecem investigação (não decorrentes da expressão da aréola ou papila) com sangue vivo ou líquido turvo incolor. Nessas existe um baixo risco de câncer (cerca de 15 a 20%). Esse risco é proporcional a idade da paciente e história familiar, quanto mais idoso acima de 60 anos com secreção, maiores serão as chances de se tratar de um câncer de mama.
A consulta é importante para procurar outras alterações suspeitas no exame físico e até mesmo descartar o uso de anticoagulante e trauma mamário que podem ser responsáveis pelo sangramento papilar. A consulta será complementada por exames de imagem, o achado mais comum nos exames de imagem desta apresentação é o papiloma intraductal que deve ser confirmado através de biópsia tecidual por agulha grossa, papilomas podem coexistir com áreas de atipia e carcinoma in situ.
Se a amostra for boa e o papiloma estiver bem representado podemos em alguns casos evitar uma cirurgia para ressecção da região afetada – setorectomia guiada por fio metálico passado por exame de imagem (ultrassonografia ou mamografia). Na persistência de uma secreção patológica com exames de imagem de mamografia e ultrassonografia sem achado, podemos realizar uma ressonância de mama como tentativa de localizar a região causadora, mas mesmo a ressonância pode não conseguir localizar. Nesses casos, fazemos uma dutectomia para termos uma amostra tecidual pois a grande maioria das lesões causadoras de secreção patológica estão próximas a região retroareolar ou acompanhamos de perto com exames seriados de imagem na procura da evolução e aparecimento de uma alteração.